sábado, 6 de outubro de 2007

Incendiários da melancolia

Parece louvável a preocupação que os pais têm com o bem estar de seus filhos e a maneira protetora como costumam distanciá-los das situações de risco ou apenas desagradáveis. Embora isso possa aleijá-los para um futuro mais sofrido, o amor paternal sempre justifica a prolongação de uma vida amena.

É nisso que acredita a “
Happy Ending Foundation”, uma associação inglesa de pais obstinados pela satisfação literária de suas crianças, imprescindível para que não estejam submetidos a amarguras até em momentos de lazer. As “coisas feias” e os finais tristes não têm vez: vão à fogueira. Como se fosse uma seita, há crescente expansão no número de membros adeptos do “extermínio do mal à infância”.

Eles condenam a realidade e a ficção que não trazem prazer aos pequenos leitores assim como quem destrói toda uma cultura que não se encaixa nas suas particularidades morais. Papais e mamães em atos bárbaros privam uma geração de discernir conceitos e padronizam um novo mundo com nuvens de algodão doce. É nazismo cultural que glorifica livros arianos e queima os demais em prol de uma sociedade mais feliz.

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