sábado, 15 de setembro de 2007

Imprudência radiada

Manifestações ocorridas por todo Brasil em memória ao 20º ano do acidente com o césio 137 em Goiânia marcaram esta última quinta-feira pela retomada de um problema esquecido e ainda distante de solução.

Considerado o pior desastre radioativo em área urbana do mundo, ele deixou mais de 6 mil pessoas contaminadas e confirmou que nem a máxima autoridade competente, a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), tinha estrutura para garantir a segurança nuclear. A questão da irregularidade nos depósitos de lixo radioativo tem se arrastado desde então com inúmeras propostas de melhoria, mas sem uma medida efetiva.

Quando se discute a conclusão de Angra III, nada é mencionado pelo governo sobre as fragilidades de Angra I e II, que continuam ativas mesmo em condições arriscadas. Dentre elas, a corrosão avançada dos equipamentos, o acúmulo de resíduos em depósitos internos provisórios e o despreparo para evacuação da população local em casos de emergência só mostram quão negligente o Brasil tem sido com a prevenção de novos incidentes. Goiânia não serviu como lição e ainda se insiste em expor mais vidas em nome do suposto desenvolvimento tecnológico nuclear. Há assuntos primários a serem resolvidos antes de enriquecer esta idéia, como o esclarecimento dos que podem se prejudicar com sua execução.


Foto: Greenpeace / Gilvan Barreto

“Brasil, país da insegurança nuclear"
Ativistas no RJ homenageiam vítimas de acidente e protestam contra programa nuclear.

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